minha terra adorada
gracinda calado
ÁS VEZES O MEU PEITO CHORA...
ÁS vezes o meu peito chora com saudades de ti
minha terra querida!
Foi lá onde
senti o primeiro cheiro das frutas maduras e os primeiros gorjeios dos pássaros
que cantavam no jardim. Alegrava-me com tuas flores e tuas cores que enfeitavam a cidade inteira!
Cidade
antiga, encravada no coração do maciço, tens um cheiro diferente e um jeito verdadeiro de receber teus
visitantes! Em cada canto de teu coração
pulsa uma alma branca como o céu do meu Brasil, pintada de azul anil.
Minha terra
perfumada pelas flores do café maduro, vermelho como o sangue de tuas amas leiteiras e forte como teus
trabalhadores de enxada, que buscam nas floradas da serra os frutos maduros, a
lenha, o cipó que faz o cesto, a lenha
para queimar e cozinhar o feijão! Terra das devoções à virgem Maria e ao
Sagrado Coração!
Saudades de
tuas ladeiras, tuas ruas e tuas casas bem juntinhas umas com as outras. Lá
todos eram como irmãos de verdade, filhos do mesmo berço, criados no mesmo solo
acolhedor, sonhadores e criadores dos
mesmos desejos, que a noitinha rezavam e aos domingos iam à missa rezar a Nossa
Senhora!
Que saudades
que eu tenho, minha querida Baturité, do teu jeito trigueiro, do teu cheiro,
de tuas curvas sinuosas, de tuas ruas mimosas!
Pensando em
ti penso nos meus pais que se foram e há quanto tempo viveram debaixo do mesmo
sol que me abraça e beija meus filhos e meus netos.
Tenho por ti
uma grande gratidão, foi lá que encontrei o meu verdadeiro amor primeiro, pai
de meus filhos e avô de meus netinhos.
Saudade do
teu clima, nas noites de são João, nas temporadas de férias e das festas bem
animadas, decoradas de flores e lindos “copos de leite”, nascidos no coração da
serra com uma brancura sem igual.
Tenho por ti
gratidão de ter nascido em teus braços, de ter sido batizada em tua igreja principal e ter sido consagrada pelo Crisma
na matriz! Quando a saudade apertar corro pra te ver, minha terra adorada!