DIVINO ESPÍRITO SANTO DE DEUS!

Divino Espírito Santo de Deus, que derrama sobre todas as pessoas as graças de que merecemos, hoje e sempre nos acompanha nas trajetórias de nossas vida. Amém.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O PÃO E O LEITE QUE ME ALIMENTARAM


(Memórias da minha terra)

GRACINDA CALADO

Onde ficaram tuas lembranças verdadeiras?

Teu sal que o sabor nos dava no alimento,

Onde ficou teu cheiro de café pilado,

O doce mel do açúcar na coalhada,

Onde ficou todo perfume espalhado

Pelo chão da sala e da cozinha?



Sabor igual ao pão francês não há,

Café com leite desnatado no fogão.

Ainda sinto o sabor dos teus beijus,

Tuas cocadas feitas de marrom glacê,

O leite mugido na hora certa matinal,

O fubá para fazer o saboroso angu.

Minha querida Maria soprando o fogão à lenha,

Sustentava o abano de palha pra lá e pra cá,

Dedicava-se de corpo e alma o cuscuz fazer,

Como se fosse sua, a vida dos que dela precisavam.



O alimento era a solução do corpo,

O amor era o alimento da alma.

A reza e a união, as forças que sustentavam a fé.

O pão todos os dias bem fresquinho,

Deslizando nele a nata branca.

Nas ruas enladeiradas, cobertas de pedras,

Vendedores de guloseimas oferecem seus produtos,

Naturais da serra: o mel, os alfenins e a rapadura,

Deixando em nossa boca o gosto a salivar.

No mercado, as frutas bem fresquinhas,

Mangas, cajus, goiabas, mamãos e maracujás.

Na porta a domicilio o leite fresco e puro,

O pão na padaria, as broas e biscoitos de fubá.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

LEMBRANÇAS


Gracinda Calado

No sopé da serra de Baturité casinhas de taipa e de tijolos desfilam entre ladeiras e ruas de asfaltos e calçamentos de pedras antigos. Ali moram os trabalhadores do dia a dia.

São operários e artesãos de cipó e bambu que confeccionam cestos de todos os tamanhos para depositar frutas, cestas de roupas, cestinhas para decoração e todo tipo de artesanato com cipó e vime.

Descendo ou subindo as ladeiras das ruas antigas de minha cidade, encontramos pessoas que sorriem felizes principalmente quando voltam do trabalho e realizam mais um dia de serviço, seja na lavagem de roupas, engomados a ferro com goma, exímias passadeiras, que desfilam pelas ruas à tardinha quando o sol se põe.

Próximo a Igreja matriz no meio desse emaranhado de casas e ladeiras encontramos abrindo um caminho para o monte que em forma de escadaria segue o caminho do calvário da cruz e a majestosa estátua de Nossa Senhora de Fátima, as 14 estações da via sacra composta de 365 degraus. A penitencia e a fé se unem para o alto rumo ao céu verde da montanha, banhada pelas sombras das árvores, e acompanhada pela música das águas do rio que passa ao lado seguindo o caminho do lugar favorecido pela natureza chamado “Olho Dágua”.

Para lá centenas de pessoas na época da quaresma e festa de Páscoa se dirigem para orar, cantar, pagar promessas e pedir graças. Também lá é um recanto de passeio e de apreciar a beleza da serra e fazer trilha de maneira não convencional.

No topo da serra lugar de chegada, encontramos um painel maravilhoso das quatro estações que narram a crucificação de Jesus no horto do calvário. Ao lado bem próximo, a estátua de Nossa Senhora de Fátima em homenagem às aparições de nossa Senhora em Portugal, oferta do saudoso Comendador Ananias Arruda, benfeitor de nossa cidade.

Visitando Baturité encontramos coisas maravilhosas como esta.

sábado, 17 de novembro de 2012

LEMBRANÇAS DOS FOLGUEDOS


Gracinda Calado
Debaixo de teus cajueiros o tempo passava depressa, como os amores da juventude e as águas de verão.
O sol batia em nossa pele bronzeada, envolvida no cloro da piscina que amenizava nossas férias no mês de junho. Eram esplêndidos os folguedos de ‘são joão’, as fogueiras, as comidas de milho e tapiocas, as músicas regionais nordestinas e a paçoca de carne de sol!
Enquanto a música tocava, todos nós nos envolvíamos nos assuntos de família e nossa mãe nos chamava para o almoço ou jantar, e o aluá e o milho verde depois assado na fogueira. Era costume fazer fogueira e no dia seguinte recolher as cinzas, que eram jogadas nas plantas para que prosperassem.
Era assim durante as férias: muitas brincadeiras, banho de piscina, muitas frutas e reunião de família, sem darmos conta do tempo que passava e a conversa rolava por muitas horas e muitas histórias e controvérsias vinham à tona nessa hora.
Quando o cansaço chegava armávamos as redes no alpendre para um rápido cochilo. As visitas não paravam de chegar, e logo nos uníamos a todos ,numa breve animação!
Como eram doces os dias felizes no sítio “Boa Vista” na casa de meu avô!



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

CHEIRO DE NATUREZA

CHEIRO DE NATUREZA
Gracinda Calado

Da janela sinto o vento suave que vem do mar.
Longe, muito longe um galo solta o seu cantar. Os pássaros começam reverenciar o sol com seus primeiros gorjeios. Do mar, o cheiro de maresia anuncia o gosto de sal que deixa em nossa boca o tempero vital. As nuvens estão pesadas, escuras cor de chumbo parece que vão desabar...
Um vento fresco invade a janela emoldurada de flores e jasmins e suavemente toca o meu rosto frio. Meus pensamentos invadem minhas lembranças nessa hora. Alguns pingos de chuva caem como lágrimas lavando minha face nua. Sinto solidão!
Na calçada chega o padeiro, desperta toda a rua para entregar o pão. E o jornaleiro também chega, cuida de não molhar os jornais, envolve-os em plástico joga-os no jardim da casa ao lado e se vai...
O relógio da matriz bate as horas. É hora de se levantar para o trabalho! Pessoas passam vagarosamente ainda sonolentas. Sinto o cheiro de café; apresso-me para fazer minha oração matinal e minha primeira refeição!
Minha janela são os meus olhos, os meus ouvidos e o meu olfato!
A insônia me trouxe o dia; o sol a sua energia que cobrirá toda a terra. Começa mais um dia de rotina na cidade!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

DIVERSIDADE INEXPLORADA


TEXTO DE Jardins suspensos no sertão

por dibinha — Última modificação 24/04/2007 14:37

Matéria da Revista da Scientific American Brasil sobre o Maciço de Baturité.

Fonte: SCIAM - Scientific Americam http://www2.uol.com.br/sciam/


Edição Nº 32 - janeiro de 2005



COMPILAÇÃO DE GRACINDA CALADO

DIVERSIDADE INEXPLORADA

A SERRA DE BATURITÉ, POR SER CONSTITUIDA ESSENCIALMENTE DE ROCHA CRISTALINA, RESISTIU MAIS AO DESGASTE IMPOSTO PELO CLIMA DO QUE SUAS ADJACENCIAS AO LONGO DOS ANOS. LENTAMENTE, ELA FOI AFLORANDO, ENQUANTO AS REGIÕES VIZINHAS, MAIS VULNERÁVEIS, IAM SENDO REMOVIDAS EM DIREÇÃO AO MAR E DEPRIMIDAS. CHAMA-SE A ESSE PROCESSO EROSÃO DIFERENCIADA, SENDO A PERIFERIA DA SERRA DENOMINADA DEPRESSÃO SERTANEJA E A SERRA, MACIÇO RESIDUAL.

NA FLORESTA UMIDA DA SERRA, O CONVÍVIO DE IPÊS, ORQUÍDEAS, SAMAMBAIAS, MUSGOS E HEPÁTICAS MODELA UMA FLORESTA POSSUIDORA DE EORME FITODIVERSIDADE.

CONSTRATANDO COM TODA ESSA RIQUEZA FLORÍSTICA ESTÁ A INSIGNIFICANCIA DO CONHECIMENTO ATÉ HOJE GERADO SOBRE SUA BOTÂNICA E ECOLOGIA, AINDA INCIPIENTE DIANTE DA GRANDEZA TERRITORIAL E A DIVERSIDADE DE ESPÉCIES, PADRÕES E PROCESSOS QUE OPERAM NESSE EXTRAORDINÁRIO FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA. A SERRA DE BATURITÉ.

ATÉ O MOMENTO, SÃO REGISTRADAS APENAS ALGUMAS DEZENAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS E ARBUSTIVAS. COTUDO, ESTIMATIVAS SUGEREM QUE ATÉ 550 ESPÉCIS PODEM OCORRER LÁ, ENTRE ÁRVORES, ARBUSTOS, ERVAS, CIPÓS, EPÍFITAS (TREPADEIRAS) SAPRÓFITAS E PARASITAS.

NESSE UNIVERSO VEGETAL, AS ÁRVORES PROPORCIONAM REFÚGIO, INTEGRAM A BASE DA CADEIA ALIMENTAR, SÃO VEGETAIS VERDADEIRAMENTE RESIDENTES E CONTRIBUEM NORMALMENTE COM MAIS RECURSOS BIOLÓGICOS E DE FORMA MAIS DURADOURA DO QUE PLANTAS ANUAIS E HERBÁCEAS.

A PRESENÇA DE TANTAS ESPÉCIES COMUNS ENTRE REGIÕES TÃO DISTANTES, APONTADA PELA LISTA ACIMA, É FACILMENTE EXLICADA PELO MANTO CONTÍNUO DE FORMAÇÃO FLORESTAL DO CRETÁCEO. As ÁRVORES COMUNS ENTRE BATURITÉ E A REGIÃO AMAZÔNICA- STRYPHNODENDRON PURPUREUM (FAVINHA) E SIMAROUBA AMARA. A BYRSONIMA SERICEA (MURICI VERMELHO), A SERRATIFOLIA (IPÊ VERMELHO) E O PINHEIRO BRAVO, A CECROPIA E GARGAÚBA.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

DOCE BALANÇO DE AMOR!


Gracinda Calado

As ruas, as paisagens, o chão molhado de orvalho , os roseirais, as samambaias penduradas nos terraços, as janelas abertas o dia todo, são características da minha cidade.

À noite cadeiras nas calçadas com ar de fraternidade, amizade, socialização. Suas ruas, seus casarões seculares, suas ladeiras em curvas, flores miúdas à beira dos caminhos, riachos que cantam em todos os lugares!

Assim é minha cidade! Uma saudade! Sempre levando a gente, nas coisas pequenas, simples, nos inspirando amores, enchendo nossos corações de lembranças: de uma linda mangueira, uma rua onde brincamos quando criança, um pomar, uma estação de trem, uma igreja, uma roda gigante, campo de futebol, um banho de rio, um passeio de bicicleta, os amigos, um sorriso largo!

Quando penso em minha gente, me vejo naquele coreto da praça ornamentado de flores e florais e de benjamins. Sinto-me sentada nos bancos da pracinha com os amigos ou namorados, esperando o sol se por, ou a lua chegar. No colégio, as colegas de classe, as brincadeiras, jogos de bola ou de pedras, pula corda, ou balanços ingênuos, brinquedos sem pretensões!

Saudades das novenas, das missas, dos desfiles na semana da pátria, dos carnavais, das festas juninas e sabe Deus o que mais penso que me dá saudades!

É preciso ir na minha cidade para novamente sentir o seu cheiro, o seu sabor, o seu tempero, o seu calor, sua música, seu jeito de mulher madura!

Mulher de fé, cheia de mistérios e pudores, é minha cidade chamada Baturité!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

VERDES SONHOS DA MINHA TERRA, BATURITÉ.


Gracinda Calado

UM DIA HEI DE CANTAR TUAS RUAS,

TUAS MATAS, TEUS GROTÕES.

TERRA DOS SONHOS VERDES,

DAS PLAGAS E DOS ARREBÓIS

MEU TORRÃO ALVISAREIRO,

DAS NOITES FRIAS DE JUNHO;

DOS TEMPOS DE ENCANTAMENTOS,

QUE AINDA VIVEM PRESENTES

NOS NOSSOS PENSAMENTOS.

SAUDADES DAS NOVENAS,

DOS CORETOS E DAS LAPINHAS,

DAS CANTIGAS DE RODAS,

DAS CIRANDAS, CIRANDINHAS.

DAS PROCISSÕES E PASSEIOS

DAS OLAS NA PRACINHA,

DAS FESTAS DE SANTA LUZIA.

DAS ANIMADAS QUERMESSES,

NAS FESTAS DA SANTA DA PALMA.

DOS NAMOROS NO PORTÃO,

EM NOITES DE SÃO JOÃO.

DOS JARDINS BEM FLORIDOS,

DOS BENJAMINS VERDEJANTES,

DOS COLEGIOS E DAS IGREJAS,

DOS BAILES E VESPERAIS,

DOS ANTIGOS CARNAVAIS.

DOS AMIGOS SINCEROS,

NÃO ESQUECEREMOS JAMAIS.