DIVINO ESPÍRITO SANTO DE DEUS!

Divino Espírito Santo de Deus, que derrama sobre todas as pessoas as graças de que merecemos, hoje e sempre nos acompanha nas trajetórias de nossas vida. Amém.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

SOLIDÃO DO INVERNO

Gracinda Calado

Do fundo do baú fui buscar as lembranças da minha infância, na cidade de Baturité no recôncavo do Maciço, onde o verde é mais verde que em todos os lugares.
Quando era dia de chuva saíamos a tomar banho nas adoráveis biqueiras e ‘jacarés’, deslizar pelas gramas do jardim, pegar frutas no pé e correr nas alamedas do sitio.
A chuva não nos dava trégua e aproveitávamos para nos deixar molhar e ensopar pelas águas doces das chuvas cristalinas até cansar!
Meus irmãos, Tito, João, Miguel e Cesar, comandavam um batalhão de amigos e combinavam pescaria no rio que passava ao fundo do sitio, entre árvores frutíferas e raízes que se mostravam nas margens descobertas. A pescaria demorava entre brincadeiras e mergulhos, pulos e cambalhotas!
O tempo passou e as brincadeiras foram tomando ar de cuidados e quando as chuvas chegavam ficávamos em casa olhando pelas janelas e contando o tempo para que ela passasse. Enquanto isso não acontecia, fazíamos os deveres de casa, inventávamos outras brincadeiras até a chuva passar.
Tudo era brincadeira, na infância, porém na adolescência os garotos gostavam de jogar futebol, formavam times e arrastavam muitos amigos e conhecidos para o enfrentamento das partidas.
A tarefa das mulheres era a torcida!
Hoje quando sinto o dia frio e a chuva caindo, meu coração fica quieto, fico calada, lembrando-me dos meus irmãos correndo, brincando, gritando, criando brincadeiras, parece que distingo a voz de cada um.
Sinto saudades deles, de suas peraltices, dos carões de meu pai chamando todos para dentro de casa enquanto a chuva ainda caia lá fora!
Nos córregos e coxias das calçadas a água se escoava em grande volume e nós brincávamos de sapato e meias andando sobre as águas naquela farra toda sem preocupação de adoecer.
Lembro-me que os dias eram cinzentos e nós nem notávamos. O cheiro da chuva estava impregnado em nosso olfato, e o gosto da água em nossa boca, enquanto isso o corpo todo molhado nem sentíamos o frio da temperatura baixa.

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