DIVINO ESPÍRITO SANTO DE DEUS!

Divino Espírito Santo de Deus, que derrama sobre todas as pessoas as graças de que merecemos, hoje e sempre nos acompanha nas trajetórias de nossas vida. Amém.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

VERDES SONHOS DA MINHA TERRA, BATURITÉ.


Gracinda Calado

UM DIA HEI DE CANTAR TUAS RUAS,
TUAS MATAS, TEUS GROTÕES.
TERRA DOS SONHOS VERDES,
DAS PLAGAS E DOS ARREBÓIS,
MEU TORRÃO ALVISSAREIRO,
DAS NOITES FRIAS DE JUNHO;
DOS TEMPOS DE ENCANTAMENTOS,
QUE AINDA VIVEM PRESENTES
NOS NOSSOS PENSAMENTOS.

SAUDADES DAS NOVENAS,
DOS CORETOS E DAS LAPINHAS,
DAS CANTIGAS DE RODAS,
DAS CIRANDAS, CIRANDINHAS.
DAS PROCISSÕES E PASSEIOS
DAS OLAS NA PRACINHA,
DAS FESTAS DE SANTA LUZIA.
DAS ANIMADAS QUERMESSES,
NAS FESTAS DA SANTA DA PALMA.

DOS NAMOROS NO PORTÃO,
EM NOITES DE SÃO JOÃO.
DOS JARDINS BEM FLORIDOS,
DOS BENJAMINS VERDEJANTES,
DOS COLÉGIOS E DAS IGREJAS,
DOS BAILES E VESPERAIS,
DOS ANTIGOS CARNAVAIS.
DOS AMIGOS SINCEROS,
NÃO ESQUECEREMOS JAMAIS.

terça-feira, 26 de julho de 2011

FIM DE TARDE

Gracinda Calado

Fim de tarde no horizonte,
O sol despede-se do dia,
Cobrindo todos os montes.
O mar cintila como prata
Como contos de sereias,
Invadindo toda a areia!

Últimos raios quase mortos,
Cobrem toda a serrania,
Na hora triste da Ave-Maria.
No fundo azul do mar
Ondas brincam num balé,
Parecem que vão voar!

Fim de tarde na minha alma,
O céu cobre-se de vermelho,
O mar parece um grande espelho.
Lágrimas rolam no meu rosto,
De saudade e de incerteza,
Enchem meu peito de tristeza!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

SE ME PERGUNTARES...

SE ME PERGUNTARES...
Gracinda Calado

Se me perguntares quem sou,

Responderei: sou o madrigal da serra verdadeira,

Gerada no frio das manhãs frescas da minha terra.

Se me perguntares quem sou responderei: sou a aragem que sopra

Nas noites mornas esperando o alvorecer.

Se me perguntares quem sou, saberás que sou aquela

Que chora de saudades do cheiro doce dos canaviais.

Se me perguntares quem sou responderei: sou aquela que

Acordava nas madrugadas para ouvir o canto dos sabiás.

Se me perguntares quem fui, responderei: fui o amor das verdes matas

Encantada pela natureza selvagem dos cafezais. Se me perguntares quem serei um dia, responderei: serei o canto do uirapuru

Escondido nos bambuzais, com medo das depredações.

terça-feira, 19 de julho de 2011

O ARCO-IRIS DE JANEIRO


Gracinda Calado

Depois da chuva o arco Iris!

No horizonte, por cima das serranias, juntinho do céu, avistava-se o arco Iris. Um verdadeiro festival de cores brilhava no céu encantando a todos que passavam por ali. O sol parecia sair de trás dos montes, era o sinal que a chuva ia embora para longe. O espetáculo se apresentava em várias cores e a mata virgem das florestas enfeitava os caminhos e as íngremes estradas.

A cor do amarelo ouro enfeitava a mata, parecia o sol caindo em distancia infinita em busca do horizonte vasto. O azul confundia-se com o azul do céu em várias cintilações, como as asas das borboletas e das araras que voavam de galho em galho. A cor lilás, o alaranjado, o branco pérola, o carmim, traziam paz para o lugar onde a saudade se avizinhava de outras cores. A mistura inconfundível resplandecia numa magia louca, deixando em nosso peito saudades eternas que a cada hora se multiplicavam naquele lugar.

A beleza natural, o perfume do mato e das flores, o canto dos pássaros, ornamentavam o arco íris num fenômeno espetacular e único! Aos poucos o arco íris foi embora sugando toda a água da chuva e o lugar ficou sombrio e triste.

Meu coração ficou apertado de tanta emoção, enquanto outros se despediam do lugar. O dia estava findo, o céu sereno vestia-se de luto na despedida do sol.

A serração destilava suas primeiras gotas e logo tudo se transformou em névoa fria.

A noite chegou e com ela a solidão do lugar. Amanhã nascerá outro dia e novamente o sol brilhará!

sábado, 16 de julho de 2011

HOMENAGEM A MEU PAI: FARAÓ CALADO

GRACINDA CALADO


Em 1941 ELE chegou a Baturité, precisamente no dia 2 de Janeiro.

Para lá fora convocado para desempenhar a função de delegado da junta de alistamento militar.

Viajaram de trem, ele, sua companheira e os filhos do primeiro casamento.

A máquina que carinhosamente chamavam de “Maria fumaça’ arrastava-se pelas curvas em caracóis da serra de Itapaí,

Deixava todos deslumbrados.

O verde dos montes em degradê prenunciava uma visão monumental da região a desbravar.

Meu pai chegou a Baturité e teve uma acolhida hospitaleira principalmente do povo e das autoridades do lugar.

Encantado pelo clima, o perfume das flores, o verde das serranias, o cheiro da fruta do café maduro, o gosto da água, SENTIA  SAUDADES DE SUA TERRA GARANHNS-PE.

Foi logo se apaixonando por tudo da cidade.

Amor á primeira vista! Amou tanto aquela cidade que se dizia baturiteense de coração.

Fez muitas amizades e de lá vieram ao mundo seus nove filhos.

Sua casa ficava às margens do rio Paco ti, antiga chácara de Luiz Punciono de Oliveira.

O lugar era agradável e muito tranqüilo, rodeado de jardins e um lindo pomar.

Era uma casa grande antiga, mas aconchegante.

Em volta da casa muitas trepadeiras e perfumosos jasmins.

As acácias contornavam o lugar. O jardim era cuidado com muito zelo por minha mãe.

Á noite exalava um suave odor de rosas e bugaris.

Papai traçou sua vida estruturada na vergonha e na honestidade.

Homem puro, enérgico e seguro em suas decisões. Cheio de amor pelos seus, amigo de todas as horas.

Fiel às suas amizades não as decepcionava.

Percorreu palma a palmo sua trajetória, aquela que havia traçado em tempo de vida militar, cuja farda respeitava e honrava.

Em Baturité assumiu o dever de defender a pátria e orientar os jovens no serviço militar ou na vida cotidiana.

Amou a vida e amou a própria morte, pois a recebeu com muita coragem e firmeza.

Receba meu pai querido a homenagem de sua filha que não lhe esquece e que ainda lhe ama muito.




segunda-feira, 11 de julho de 2011

TRISTE MUDANÇA


Gracinda Calado

Visitando minha cidade Baturité, fui em busca de seu clima acolhedor, sua água doce, saborosa, que jorra de suas nascentes da serra.

Todas as noites, nas largas calçadas pessoas se reuniam para conversar, ou aproveitar a frescura da noite e amenizar o calor do dia.

Quantas vezes ali na calçada de minha porta eu ficava me deliciando da beleza ímpar de sua natureza prodigiosa, o passeio da lua no céu, as noites estreladas, enquanto garotos brincavam no quarteirão de pega-pega e outras brincadeiras...

A vida era calma, a cidade pacata, e assim mesmo gostávamos dela, pela tranqüilidade que nos dava segurança.

Hoje não vemos cadeiras nas calçadas, nem crianças brincando, nem reunião de amigos em seus corredores, nem a juventude saboreando os deliciosos picolés de frutas, os tradicionais doces gelados em sua sorveteria central.

Minha tristeza está na crueldade da mudança brusca de seus costumes moderninhos demais; carros com portas abertas e o som muito alto quase na porta da igreja matriz, uma falta de respeito, prevalece ali naquele lugar pela imaturidade dos seus filhos, a pouca educação de algumas famílias que apóiam esses costumes irresponsáveis talvez pelo costume de convivências mal resolvidas. Sem falar nos carros que rodam em toda velocidade nas ruas, no coração da cidade, não obedecem a sinalização nem instruções de trânsito.

Fico pensando, o que fizeram de minha cidade?

Onde se esconde seu povo educado, acolhedor, hospitaleiro, respeitador e ético?

O que fizeram com a minha cidade, tão linda, tão colorida, tão pacata? Mudaram-lhe a cor, destruíram-lhe seu doce sabor, apagaram-lhe seu passado de glórias e de vitórias, dos homens honestos, decentes, sua história de bravos intelectuais, tudo isso está hoje indo na contra mão do progresso, do sucesso e do desenvolvimento.

Aqui deixo o meu protesto pelo descaso, o meu lamento com votos de breve recuperação pelos corajosos filhos que nela ainda suportam viver, desejando que um dia voltaremos a passear em suas ruas com sorriso nos lábios e com o coração cheio de alegria.

Em 4/7/2011

domingo, 10 de julho de 2011

SAUDADE DE SUAS LADEIRAS


Gracinda Calado

Como me recordo aqueles dias de chuva em que eu subia tuas ladeiras como sabão, escorregando em meu coração uma saudade; ele pulsava ao impulso da subida só em pensar que no outro lado da rua alguém estava a me esperar.

Minhas pernas ficavam bambas e meu fôlego ficava curto em pensar nele.



A juventude me favorecia na subida das ladeiras!

A ondulação das serras favorecia o desce e sobe do meu coração!

Ainda guardo com saudades os morros mal vestidos dos casarões humildes e desajeitados em contraste com os bangalôs antigos nas subidas e nas descidas de tuas ruas calçadas de pedras.

Na rua da cadeia, quase no centro da cidade se escondia um dos prédios mais antigos e bonitos, “a cadeia pública da cidade”. Para chegar lá temos que subir e descer enormes ladeiras.

No bairro Putiú um dos mais visitados pelos turistas também tem suas dificuldades geográficas de descida e subida.

No alto da serra a soberania do convento dos padres jesuítas, majestosa arquitetura que ainda resiste e sua história, fica no alto da serra de Baturité com uma vista maravilhosa para todo o vale de Redenção.

Subindo tuas ladeiras apresso-me em rezar as antigas vias-sacras e o rosário de Nossa Senhora de Fátima. Um espetáculo a olho nu, é como se o céu descesse para abençoar toda a cidade!

Um costume em nossa terra é se dizer: “vamos subir”( em direção a matriz); “vamos descer”; (em direção ao bairro Putiú.) Quase todas as ruas ou estão subindo ou descendo... que saudades de suas ladeiras!!!