Gracinda Calado
O trem vai subindo o monte e com ele o destino de dezenas de pessoas.
Corta estradas, passa rios e riachos, sobe ladeiras e desliza nos vales verdes das colinas.
Dentro dele meu coração adormece lembrando o tempo das primaveras.
Pela janela, passa boi, passa boiada, passa lagos e rios.
Os campos ficam mais verdes, ficam amarelos e às vezes ficam queimados.
A natureza vai mostrando sua cara nos arvoredos que passam ligeiros e nas copas dos coqueiros, que teimam em subir aos céus.
O cheiro de mato no ar, deixa meu corpo todo queimar de saudades do tempo da minha infância.
Na janela o vento passa ligeiro e assanha meus cabelos, como fazia antigamente.
No balanço do trem, divago e canto uma canção de amor, como se quisesse o tempo parar.
Meus olhos choram as lágrimas que eu deixei de chorar, quando me lembro de tua imagem linda. As lembranças da mocidade levam-me ao passado distante, arrasta ilusões e mata esperanças em meu coração.
Lá vai o trem da minha vida levando o que sobrou de mim.
Este trem tem tristeza, este trem tem saudades e decepções, fantasias guardadas e tristes recordações.
O trem da minha vida não tem volta, segue seu curso, segue feliz!
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