DIVINO ESPÍRITO SANTO DE DEUS!

Divino Espírito Santo de Deus, que derrama sobre todas as pessoas as graças de que merecemos, hoje e sempre nos acompanha nas trajetórias de nossas vida. Amém.

segunda-feira, 29 de março de 2010

SEMANA SANTA


Gracinda Calado

Semana Santa é a época em que a igreja comemora a memória da Paixão e morte de Jesus.
Antigamente nas cidades mais tradicionais e evangelizadas pelos Jesuítas, fazia-se durante a semana inteira jejuns e abstinência de carne, como também a realização de via- sacras recordando o caminho do calvário de Jesus, em todas as igrejas.
Na minha cidade natal, Baturité, a tradição era comemorada com grande religiosidade e muita devoção.

Além das vias-sacras, orações, penitencias, jejuns e abstinência de carne, havia na sexta- feira santa a procissão do Senhor Morto pelas ruas principais, momentos de todos os fiéis cristãos refletirem sobre todo o sofrimento de Cristo e a doação de seu sangue na cruz pelos nossos pecados.
Todos os paramentos litúrgicos eram roxos; os seminaristas ou coroinhas iam na frente, as irmandades religiosas seguiam rezando as orações dos mistérios da crucificação e morte de Jesus, e atrás, no final da procissão a imagem do SENHOR MORTO, coberto com um manto roxo representando o seu percurso para o túmulo.

Eram momentos de muita emoção, de orações, de sacrifícios e muito respeito durante a passagem da procissão pelas ruas da cidade.
O momento mais emocionante era o encontro de Jesus na cruz com sua mãe Maria (N.S. das Dores), onde uma parte ia por uma rua e outra por outra rua, as duas se encontravam deixando a emoção no coração de todos os fiéis católicos.Lágrimas iam aos olhos dos mais sensíveis e mais emotivos durante a encenação do quadro do encontro de Jesus com Maria.

A cada momento um coroinha ia tocando um instrumento chamado Matraca, que somente é tocado na Semana Santa, para avisar aos fiéis que a procissão do Cristo estava passando nas ruas da cidade.
Eram momentos emocionantes e a participação era quase unanime de todos os seus habitantes.

sexta-feira, 26 de março de 2010

É NOITE!



É NOITE!


Gracinda Calado



Da janela eu vejo a lua saindo! Tudo fica calmo e em paz.


Uma música distante chega aos meus ouvidos, e um turbilhão de lembranças e saudades me desperta.


Esta música suave trouxe de dentro de meu ser, arrancando fantasias, fatos que marcaram minha vida.



Num instante vi meu pai pensativo, fumando seu charuto, não batia os olhos, fixos que estavam no passado. Queria tanto adivinhar o que se passava em sua cabeça de homem sofrido pelos horrores da guerra que atravessou.



Lembrei-me do meu amor, que já partiu pra eternidade, quando juntinhos passeávamos pela praça de mãos dadas fazendo juras e projetos. Lembrei-me de seu sorriso lindo, seus olhos castanhos, sua pele rosada, seu perfume.


Nós dois, jovens apaixonados, quanta ilusão passageira!



É noite! A música me devolve ao passado, me traz as saudades da minha mãe ainda jovem, a caminho da igreja para rezar.


As amigas que brincavam de pega-pega no quarteirão; onde estarão agora todas elas?


Lembrei-me do luar da minha terra em pleno mês de Maio, onde as estrelas só faltavam pular ao nosso encontro, e o som daquela música me levava além das montanhas, das serras onde eu passeava em tempo de férias, aproveitando os mistérios da natureza.



A noite me fez recordar os bate-papos na casa de Doralice, uma amiga muito querida, que tinha um jardim florido, cheio de rosas e flores variadas as quais exalavam um gostoso perfume. Quem passava em frente à sua casa parava para saborear o odor dos jasmins. Gostava das ‘angélicas’, branquinhas e muito perfumadas.



É noite no meu coração de outono, onde espero ainda a primavera chegar e com ela o recomeço de uma vida nova, mais alegre e alvissareira.


O coração bate ao som da música divinal e a minha alma acalma-se na proporção que a música se finda.


Lembranças da minha terra natal, Baturité, onde fui feliz e tinha tudo que eu queria.


Minha querida Passárgada.

terça-feira, 23 de março de 2010

ÁGUAS DE MARÇO



ÁGUAS DE MARÇO


Gracinda Calado


No coração da serra renova-se a luz!


Nas ribeiras e nos caminhos tortuosos, grandes e verdes tapetes de musgos e florzinhas se abrem à beira das estradas aplaudindo o sol, como uma festa de cores e perfumes.


O orvalho das noites quentes ou frias na diversidade do clima de março, despeja suas lágrimas sobre os jardins suspensos da serrania enquanto o sol não chega! Uma brisa morna acorda as arapongas e os campinas que se vexam para acordar a mata toda e a passarada voa em direção ao sol, que nasce amarelo e cheio de luz!


Em cima dos picos altos algumas nuvens teimam em cair e uma chuva fina se despenca fora de hora desafiando o sol naquela manhã de Março! As grotas íngremes despejam suas águas nos riachos como se quisessem encharcar o chão.


No alto das grandes árvores frutíferas, flores e frutos se preparam para realizar o ciclo da vida e da procriação. Os passarinhos fazem seus ninhos e se divertem à caça de besouros, formigas e mosquitos para alimentar seus filhinhos. O ruído e o som da natureza explodem como sinfonia naquele ambiente majestoso sem igual.


No horizonte as chuvas se preparam para cobrir as madrugadas, e o quadro do pintor jamais imitará visão igual, entre a luz do sol e o chumbo das nuvens que cairão em breve, prenúncios de uma grande noite de vendaval em pleno mês de Março!

terça-feira, 16 de março de 2010

DEBAIXO DE TUAS MANGUEIRAS...



DEBAIXO DAS TUAS MANGUEIRAS


Gracinda Calado



Aos domingos íamos todos passear no sitio.


O rio Pacoti lavava suas terras e as deixavam férteis.


Nosso passeio começava na invasão das fruteiras que desafiavam nossa curiosidade.


As goiabeiras carregadinhas de frutos e de flores deixavam um perfume no ar.


As siriguelas vermelhas eram convites à loucura e ao exagero das gulodices. Enfrentávamos aqueles manjares dos deuses logo de manhã, bem o sol não havia ainda esquentado a terra.


Aquele chão abençoado era mágico, para onde se olhava era um convite à sedução.


Debaixo das mangueiras fazíamos projetos e contávamos histórias mirabolantes, que só nós ainda adolescentes acreditávamos.


Aos poucos o som de algumas mangas que caiam no chão nos despertava da emoção de um bom enredo de nossas histórias. Corríamos todos para pegar aquelas frutas doces caídas do pé.


Às vezes deixávamos nos levar pelo fascínio do ambiente e deitávamos debaixo das frondosas árvores usufruindo de suas sombras.


Sonhávamos com coisas encantadas, lugares mágicos e indescritíveis, ao mesmo tempo em que nos deixávamos levar pelas nossas emoções e chorávamos quando alguém vinha em nossa direção para nos levar de volta para casa.


Sofríamos na despedida daquelas mangueiras frondosas encantadas para todos nós.


O dia era uma primavera em flor em nossos corações juvenis.


“ Debaixo de tuas mangueiras éramos muito felizes”.

sexta-feira, 12 de março de 2010

RELIGIOSIDADE



RELIGIOSIDADE: COISAS DA MINHA TERRA:BATURITÉ




Gracinda Calado.



Quem me dera estar sempre aos pés do altar de Deus!


Minha igreja da Palma, minha verdadeira identidade.


Lá senti o sal na pia batismal aos oito dias de nascida.


Lá fiz minha primeira comunhão, senti o amor de Deus na hóstia santa.


Lá jurei fidelidade ao homem que eu amava.


Lá batizei meus quatro filhos, minhas jóias preferidas.


Igreja matriz de minha terra querida!



Monumento secular de inspiração, sacrário de minhas orações!


Nela guardo os melhores momentos de minha vida, quando das missas de nove horas ou das festas da padroeira, das quermesses animadas e participadas por todos os seus filhos.


O som do seu sino é diferente dos demais...


É o som dos anjos, do chamado de Deus e de N. Senhora da Palma para as orações.


Igreja de Santa Luzia, padroeira da visão, protetora dos que não podem ver.


Cravada no coração de minha cidade, deixa saudades de suas festas em pleno mês de Dezembro. As olas gigantes, os barquinhos, a ola de cadeirinhas, os jogos, as pescarias em noites de novenas animadas onde brincávamos sem medo.


Igreja de N. Senhora Auxiliadora, arquitetura moderna, cuja estátua foi trazida nos anos sessenta da Itália, uma perfeição de escultura.


Pertence às irmãs salesianas que a zelam com carinho.


Igreja de Santo Antonio no alto do Putiú, onde a devoção ao santo é de quase cem anos naquele lugar.


Igreja de N. Senhora do Rosário, no bairro das Lages, freqüentada por muito dos que veneram essa devoção a nossa Senhora.


Na cidade existem algumas capelas, como do hospital, da maternidade, nos povoados vizinhos e a grande Igreja do colégio Jesuítas, hoje Casa de Repouso, no alto da serra na fazenda ‘Olho d água’. Sua arquitetura é uma atração turística da cidade; Cristo Rei é seu patrono.


Baturité se orgulha de seu passado de glórias e de grande religiosidade.


O maior de todos os legados religiosos e espirituais são os padres e as freiras que não se cansam de zelar também pela educação dos jovens e crianças da cidade.


São dedicados educadores e evangelizadores nessa terra abençoada por nossa Senhora de Fátima cuja imagem cravada no alto da serra abençoa a todos os seus filhos.Foi um presente de um grande personagem da história de Baturité, o comendador Ananias Arruda.


Esse homem tudo fazia pelos padres e pelas freiras e pela catequese e evangelização. Uma boa parte de seu patrimônio foi doada aos que chegavam em Baturité com o objetivo de Educar e Evangelizar.


De Baturité saíram muitos padres e freiras, filhos da terra, que hoje estão espalhados por todo território brasileiro.


Parabéns Baturité!


terça-feira, 9 de março de 2010

A FOME


A FOME
Gracinda Calado

A maior doença do homem é a fome.
Ela humilha, deixa o homem igual aos vermes do lixo.
Quantas vezes vemos na televisão rostos esquálidos, desfigurados, braços magros, corpos sem vida sem animo para andar; lábios sem abrir um sorriso, olhos inchados de chorar e não dormir com vontade de um pedaço de pão para matar a sua fome ou de seus filhos.
Presenciamos muitas vezes nas feiras da cidade, restos de frutas e verduras que são jogadas aos animais; sobras de carne ardidas e mal passadas nas valas dos lixões e devoradas pelos pobres, miseráveis que arrastam os restos como iguarias de primeira.
Crianças que se jogam dentro dos tambores ‘do lixo’ dos supermercados, à procura de um pedaço de pão ou de um biscoito. Crianças que choram a falta de um copo de leite quando amanhece o dia.
Mulheres que amamentam seus filhos nos seus seios murchos sem nada para lhes oferecer. Muitas vezes elas choram e se desesperam com tal situação.
Muitas vezes crianças abrem os lixos ricos dos barões á procura de um sapato ou chinelo de borracha para forrar seus pés.
Miséria, muita miséria, é o que vemos toda hora na nossa cidade e em todos os lugares do mundo.
O homem está morrendo de fome, doença que só cura com alimento, sem ele não escapa ninguém.
Quanto mais vemos casos como estes, em nossas próprias casas sobras de comidas são jogadas fora, não se destinam a quem precisa. Dariam para alimentar muitas famílias.
O estrago é total, sem piedade, sem misericórdia, sem caridade.
A fome mata e maltrata, homens e animais.
O homem com fome, não tem dignidade. Não tem cidadania.
Não reconhece Deus seu criador. Não tem vez, nem voz. Não é ninguém.

segunda-feira, 1 de março de 2010

UMA VIAGEM AO PASSADO



UMA VIAGEM AO PASSADO


Gracinda Calado


Saindo de Fortaleza, rumo ao interior do Estado do Ceará, principalmente sertão sul, nos deparamos com surpresas incalculáveis nas terras áridas do Nordeste.


Nos anos sessenta, muitas vezes fiz esse percurso, envolvida nas saudades que havia deixado em Fortaleza na época de férias.


No caminho passava boi, passava boiada, árvores e plantações de algodão e roçados floridos em pleno mês de Junho/julho, planícies, e plantações de cana de açúcar, que se emolduravam em plena cidade de Redenção.


Na frente, curvas e ladeiras desbravadas no coração da serra de Itapaì, deixavam um friozinho no peito, e logo o medo ia embora quando o pensamento viajava nas ondas da música da máquina à vapor: “café com pão, café com pão”, e o coração batendo forte rumo aos sonho e fantasias da juventude, e para trás as saudades e lembranças das boas férias.


Nas curvas do caminho o vento batia forte em nosso rosto juvenil, saboreava-se o gosto e o perfume das frutas da estação quase chuvosa, e a beleza natural das flores que se descortinava aos nossos olhos!


Lá ia subindo e descendo a ladeira a querida maria-fumça, contornando as curvas perigosas nas encostas da serra.


O cheiro de mato e de eucaliptos deixava um perfume no ar, e o prazer da viagem aumentava e logo chegaria ao destino desejado, a cidade de Baturité.


Quando o trem parava na estação a variedade de guloseimas e frutas eram vendidas em tabuleiros,e as uvas preta em cestinhas, muito procuradas pelos passageiros do trem. A máquina demorava um pouco a fim de se abastecer de água e carvão que logo foi substituído por óleo diesel.


Da estação avistava-se a cordilheira de montanhas que formam o maciço com seu verde dégradé e seu clima ameno, era um convite a todos que chegavam na cidade para conhecerem as benesses da terra.


Os passageiros desciam do trem e logo ficavam curiosos com cara e o perfil de nossa cidade, permeada de ladeiras e muito verde em suas praças, e encantadores benjamins, como também seus floridos jardins.


Aos que partiam, uma saudade gravada em seus corações.


Aos que ficavam, a alegria de voltar ao torrão natal, com promessas de voltar novamente a Fortaleza nas próximas férias, e novamente saborear as maravilhas de um lindo passeio!