ENQUANTO O SOL NÃO CHEGA!
Gracinda Calado
Pessoas transitam pelas ruas e pelos becos, enquanto outros conspiram.
Mulheres perambulam pelas calçadas e esquinas escuras à procura do mísero ganha pão.
Corpos desnudos, rostos pintados, lábios escarlates, peito aberto ao vento, consomem o vício da noite e da morte, pelo prazer do sexo.
Homens maduros, sustentam a miséria da alma e o inferno do coração. Pais de família gastam seus parcos salários na boemia da noite.
Enquanto o sol não vem, nos leitos dos hospitais, doentes gemem suas dores do corpo, na esperança da cura e da salvação.
Nos mosteiros, os homens de Deus prostram os joelhos em oração pela salvação dos pecadores.
No colo de uma mãe aflita, o choro sentido do filho com fome e com sede, aumenta o clamor de seus pais.
São altas horas da madrugada. Bêbados caminham em passos largos à procura de suas casas sem saberem o seu rumo.O risco é de morte e de vida.
Nas casas de shows e de jogos, dezenas de pessoas gastam e perdem seu dinheiro nas mesas de cartas e roletas.
Enquanto o sol não chega, lágrimas rolam de emoção e saudades no coração de um casal apaixonado ao ouvir uma música romântica que vem de longe na madrugada que se finda.
No caminho de volta para casa, abre-se uma tímida claridade e pequenos jatos de luz anunciam que o sol já vem.
A natureza ainda parece morta e triste nos últimos acordes de violão chorão.
O vazio das pessoas estende-se por toda a cidade enquanto o sol não chega para alegrar a vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário