DIVINO ESPÍRITO SANTO DE DEUS!

Divino Espírito Santo de Deus, que derrama sobre todas as pessoas as graças de que merecemos, hoje e sempre nos acompanha nas trajetórias de nossas vida. Amém.

sábado, 7 de março de 2009

EXPEDIÇÕES...3ª PARTE




A etapa da Expedição Canudos no Assaré se acaba quanto o “velho moço de quase oitenta e cinco primaveras” se oferece para guia da Expedição. A adesão, além de enriquecer os objetivos, também, serviu para animar os outros expedicionários que nem sequer sabiam como alcançar Canudos - um trecho longuíssimo de trilhas desabitadas e perigosas.
Enquanto Zequinha conduzia o jipe rompendo os obstáculos do péssimo caminho, o ex-guerrilheiro, pacientemente, bombardeado de perguntas, a tudo respondia, rememorava, reconstituía, sempre elevando a personalidade do líder marcante na vida e nos costumes dos sertanejos.
Quando foi perguntado sobre a significação da profecia de que o SERTAO VAI VIRAR MAR E O MAR VAI VIRAR SERTAO, Honório tenta explicar o raciocínio do chefe dizendo:

- Ao pronunciar a célebre profecia, o bom homem, sabia o que o mar representava para os matutos. Eles nunca viram nenhum mar. Mas sabem da sua imensidão e dos seus mistérios.

- Que mistérios? Pergunta Osvaldo.

Quem responde a pergunta do cunhado é Pedro Wilson.

- Ora, Osvaldo, esses mistérios, na “parábola” do Conselheiro, faz o sertanejo crer num sertão, hipotética e potencialmente com os mesmos poderes do mar que tudo pode: devora homens, destrói a armada e arrasa cidade.

- Isso mesmo doutor, essa coisa realmente aconteceu, até quando a terceira expedição foi expulsa em debandada – diz Honório encerrado o assunto.
***
Depois de vários dias rompendo trilhas chegou o dia em que, deslumbrado, Pedro Wilson pode fotografar Canudos do mesmo ângulo que, de outra vez, o Arraial foi visto pelas forças federais que vinham arrasá-lo: o alto do Mário.

CANUDOS - OUTUBRO DE 1949 - PANORAMA DA CIDADE DE ENTÃO COLALIZADA COMO A OUTRA À MARGEM DO RIO VAZA BARRIS

Mais tarde, desceram até as ruínas. Pedro Wilson cai em volta das reconstituições das coisas que se deram por ali. Prestar atenção nos subsídios a analisar, pedaços de escombros, restos de pedras, bandas de tijolos, informações de testemunhas ainda vivas, e, finalmente, tudo, que pudesse ajudar a compreender o porquê de tanta morte, entender tanta reza e compreender tanto ensinamento.
Vila Nova reconhece a terra dos caminhos penosos por entre a caatinga. Coisas que para ele representava um passado recente, para os outros, para os outros, as ruínas sepultadas no mato, em apenas meio século, por esquecidas, pareciam tão antigas como túmulos dos Faraós no Egito.
Quando o jipe se aproxima do ex-arraial, o velho expedicionário vai mostrando os lugares onde um monte de taperas, abrigava às vinte e cinco mil almas, trucidadas pelas forças oficiais.
O ex-combatente se emociona quando o carro alcança as ruínas da Igreja Velha. Ali ele casou-se com a prima Tereza Jardelina de Alencar. Foi ela que o tratou, uma vez, quando ferido, num dos pés, foi retirado do entrincheiramento pelo irmão - ela curou a ferida com sumo de pimenta malagueta envolvida em folhas de bananeira.

OSVALDO VINHAS E HONORIO VILA NOVA
EM FRENTE ÀS RUINAS DA IGREJA VELHA, TODA DE PEDRA E CAL. VÊEM-SE CLARAMENTE OS SINAIS DAS BALAS

Benze-se diante do cruzeiro. O mesmo cruzeiro de madeira, agora, cheio de furos de balas, mas, ainda, intacto. O rústico monumento resistia ao tempo, do mesmo modo, que, escapou do arraso das dinamites detonadas.
O CRUZEIRO DA IGREJA VELHA. ESCAPOU “MILAGROSAMENTE” À FÚRIA DOS BOMBARDEIOS,
COM MUITO SINAL DE BALAS DE FUZIL NO MADEIRAME.

Abandonada, mas de pé, a cruz continuava ali, orgulhosa da gente que abençoou e não se entregou. Isso mesmo, o Arraial não se entregou, morreu até o último homem. Ninguém, mais que o velho cruzeiro, assistiu quando o cinco mil soldados do exercito rugiam sobre os últimos defensores do lugar: um velho, dois homens feitos e uma criança.
***
Ao regressar a Fortaleza, a Expedição, montou uma Exposição de Fotografias, Armamentos e Outros Materiais colhidos em Canudos. No mesmo local Honório Vila Nova como testemunha viva da guerra, ficou à disposição de quantos quisessem saber detalhes da sangrenta pagina da História do Brasil. Enquanto os curiosos e pesquisadores a visitavam a exposição e dirigiam perguntas aos expedicionários, Pedro Wilson avançava no resultado do trabalho jornalístico, histórico-sociológico, ponto final do paradigma pejorativo imposto à Antonio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, conseqüentemente colocando-o, definitivamente, no rol das figuras mais ilustres da Historia do Brasil.

HONÓRIO VILA NOVA AO LADO DE PEDRO WILSON
O BOM EX-COMBATENTE QUE MORREU QUASE AOS 105 ANOS DE IDADE, PASSOU A SER A PEÇA MAIS IMPORTANTE PARA QUEM QUISESSE ESTUDAR O ASSUNTO CANUDOS.

Descoberto por Pedro Wilson, o sobrevivente Honório Vila Nova, três vezes, é citado no livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha, acabou tornando-se o conselheirista mais qualificado para reconstituir a história da Guerra, este herói

Sob o titulo de “ANTONIO CONSELHEIRO E O DRAMA DE CANUDOS”, quais onze capítulos foram publicados no final da década de 1940, em diferentes edições do jornal O POVO, Pedro Wilson, extravasando todo seu talento, de modo pioneiro, e, em desacordo, até, com o pensamento de então, resgata a verdadeira personalidade do líder canudense.

Em toda obra o regalo da veia comunista do autor se manifesta com o entusiasmo que somente os apaixonados por seus ideais sabem expressar conforme um trecho extraído do todo:
“(...) Canudos analisado nos seus profundos aspectos sociais, apresenta-nos o fenômeno autêntico de uma guerra de classe. Foi uma revolta de camponeses vergados sob o peso da opressão em seus múltiplos matizes. Aqueles heróis devem figurar na galeria dos filhos do povo, que tombaram em todas as frentes, lutando por uma vida mais digna e mais humana.”

(*) Bacharel em Direito e Empresário











A etapa da Expedição Canudos no Assaré se acaba quanto o “velho moço de quase oitenta e cinco primaveras” se oferece para guia da Expedição. A adesão, além de enriquecer os objetivos, também, serviu para animar os outros expedicionários que nem sequer sabiam como alcançar Canudos - um trecho longuíssimo de trilhas desabitadas e perigosas.
Enquanto Zequinha conduzia o jipe rompendo os obstáculos do péssimo caminho, o ex-guerrilheiro, pacientemente, bombardeado de perguntas, a tudo respondia, rememorava, reconstituía, sempre elevando a personalidade do líder marcante na vida e nos costumes dos sertanejos.
Quando foi perguntado sobre a significação da profecia de que o SERTAO VAI VIRAR MAR E O MAR VAI VIRAR SERTAO, Honório tenta explicar o raciocínio do chefe dizendo:

- Ao pronunciar a célebre profecia, o bom homem, sabia o que o mar representava para os matutos. Eles nunca viram nenhum mar. Mas sabem da sua imensidão e dos seus mistérios.

- Que mistérios? Pergunta Osvaldo.

Quem responde a pergunta do cunhado é Pedro Wilson.

- Ora, Osvaldo, esses mistérios, na “parábola” do Conselheiro, faz o sertanejo crer num sertão, hipotética e potencialmente com os mesmos poderes do mar que tudo pode: devora homens, destrói a armada e arrasa cidade.

- Isso mesmo doutor, essa coisa realmente aconteceu, até quando a terceira expedição foi expulsa em debandada – diz Honório encerrado o assunto.
***
Depois de vários dias rompendo trilhas chegou o dia em que, deslumbrado, Pedro Wilson pode fotografar Canudos do mesmo ângulo que, de outra vez, o Arraial foi visto pelas forças federais que vinham arrasá-lo: o alto do Mário.

CANUDOS - OUTUBRO DE 1949 - PANORAMA DA CIDADE DE ENTÃO COLALIZADA COMO A OUTRA À MARGEM DO RIO VAZA BARRIS

Mais tarde, desceram até as ruínas. Pedro Wilson cai em volta das reconstituições das coisas que se deram por ali. Prestar atenção nos subsídios a analisar, pedaços de escombros, restos de pedras, bandas de tijolos, informações de testemunhas ainda vivas, e, finalmente, tudo, que pudesse ajudar a compreender o porquê de tanta morte, entender tanta reza e compreender tanto ensinamento.
Vila Nova reconhece a terra dos caminhos penosos por entre a caatinga. Coisas que para ele representava um passado recente, para os outros, para os outros, as ruínas sepultadas no mato, em apenas meio século, por esquecidas, pareciam tão antigas como túmulos dos Faraós no Egito.
Quando o jipe se aproxima do ex-arraial, o velho expedicionário vai mostrando os lugares onde um monte de taperas, abrigava às vinte e cinco mil almas, trucidadas pelas forças oficiais.
O ex-combatente se emociona quando o carro alcança as ruínas da Igreja Velha. Ali ele casou-se com a prima Tereza Jardelina de Alencar. Foi ela que o tratou, uma vez, quando ferido, num dos pés, foi retirado do entrincheiramento pelo irmão - ela curou a ferida com sumo de pimenta malagueta envolvida em folhas de bananeira.

OSVALDO VINHAS E HONORIO VILA NOVA
EM FRENTE ÀS RUINAS DA IGREJA VELHA, TODA DE PEDRA E CAL. VÊEM-SE CLARAMENTE OS SINAIS DAS BALAS

Benze-se diante do cruzeiro. O mesmo cruzeiro de madeira, agora, cheio de furos de balas, mas, ainda, intacto. O rústico monumento resistia ao tempo, do mesmo modo, que, escapou do arraso das dinamites detonadas.
O CRUZEIRO DA IGREJA VELHA. ESCAPOU “MILAGROSAMENTE” À FÚRIA DOS BOMBARDEIOS,
COM MUITO SINAL DE BALAS DE FUZIL NO MADEIRAME.

Abandonada, mas de pé, a cruz continuava ali, orgulhosa da gente que abençoou e não se entregou. Isso mesmo, o Arraial não se entregou, morreu até o último homem. Ninguém, mais que o velho cruzeiro, assistiu quando o cinco mil soldados do exercito rugiam sobre os últimos defensores do lugar: um velho, dois homens feitos e uma criança.
***
Ao regressar a Fortaleza, a Expedição, montou uma Exposição de Fotografias, Armamentos e Outros Materiais colhidos em Canudos. No mesmo local Honório Vila Nova como testemunha viva da guerra, ficou à disposição de quantos quisessem saber detalhes da sangrenta pagina da História do Brasil. Enquanto os curiosos e pesquisadores a visitavam a exposição e dirigiam perguntas aos expedicionários, Pedro Wilson avançava no resultado do trabalho jornalístico, histórico-sociológico, ponto final do paradigma pejorativo imposto à Antonio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, conseqüentemente colocando-o, definitivamente, no rol das figuras mais ilustres da Historia do Brasil.

HONÓRIO VILA NOVA AO LADO DE PEDRO WILSON
O BOM EX-COMBATENTE QUE MORREU QUASE AOS 105 ANOS DE IDADE, PASSOU A SER A PEÇA MAIS IMPORTANTE PARA QUEM QUISESSE ESTUDAR O ASSUNTO CANUDOS.

Descoberto por Pedro Wilson, o sobrevivente Honório Vila Nova, três vezes, é citado no livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha, acabou tornando-se o conselheirista mais qualificado para reconstituir a história da Guerra, este herói

Sob o titulo de “ANTONIO CONSELHEIRO E O DRAMA DE CANUDOS”, quais onze capítulos foram publicados no final da década de 1940, em diferentes edições do jornal O POVO, Pedro Wilson, extravasando todo seu talento, de modo pioneiro, e, em desacordo, até, com o pensamento de então, resgata a verdadeira personalidade do líder canudense.

Em toda obra o regalo da veia comunista do autor se manifesta com o entusiasmo que somente os apaixonados por seus ideais sabem expressar conforme um trecho extraído do todo:
“(...) Canudos analisado nos seus profundos aspectos sociais, apresenta-nos o fenômeno autêntico de uma guerra de classe. Foi uma revolta de camponeses vergados sob o peso da opressão em seus múltiplos matizes. Aqueles heróis devem figurar na galeria dos filhos do povo, que tombaram em todas as frentes, lutando por uma vida mais digna e mais humana.”

(*) Bacharel em Direito e Empresário















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