DIVINO ESPÍRITO SANTO DE DEUS!

Divino Espírito Santo de Deus, que derrama sobre todas as pessoas as graças de que merecemos, hoje e sempre nos acompanha nas trajetórias de nossas vida. Amém.

sábado, 7 de março de 2009

EXPEDIÇÃO... 2ª PARTE


Do Tigre a comitiva toma o rumo de Assaré, apoiada na palavra-chave do coletor Paulo Remígio de Freitas, afirmando que, naquela cidade do Cariri, havia, sobrevivo, um ex-combatente da Guerra de Canudos, chamado Honório Villa Nova, o qual, apesar de ter sido membro do estado maior do Conselheiro, convivia no lugar em completo ostracismo.
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Filhos de José Francisco Assunção e de dona Maria da Conceição, Honório e seu irmão Antonio Vila Nova, nasceram em Assaré, no tempo da guerra do Paraguai. Ainda, eram duas crianças, quando conheceram Antonio Vicente, em 1873, por ocasião de uma passagem do peregrino por aquela cidade.

Reencontraram-se em 1877 quando o pregador resolveu trocar o Ceará pela Bahia, certamente, tangido pela fome da seca que acendeu o êxodo dos cearenses para cafezais de São Paulo e seringais do Amazonas.

Convidado e ungido pelo Conselheiro como chefe temporal de Belo Monte – nova denominação de Canudos – Antonio Vila Nova, com seu tino administrativo, ao equilibrar as finanças e o abastecimento do lugar, até, fez circular, ali, uma moeda muito bem aceita em toda zona de influencia do Arraial, então, o segundo maior pólo produtivo da Bahia.

Ao Antonio Vila Nova competia, também, a guarda do armamento, colhido das forças invasoras vencidas. Isso porque, em Canudos, não se permitia o uso indiscriminado de armas, estas eram distribuídas aos guerrilheiros somente em caso de defesa.

Dono da maior loja de Canudos, rico, dentro dos padrões do sertão, alvo preferido das más línguas, Antonio Villa Nova morava no único lugar de Belo Monte classificável como rua. Nesta as casas eram de tijolo, cobertas de telha, algumas com assoalho de madeira. Bem diferentes, as outras casas, eram de taipa, cobertas de palha, piso de chão batido, erigidas em vielas tortas e becos sem saídas.

Exercendo seu talento sem malquerença a ninguém, os Vila Nova, apesar de depositar confiança na obra física do Conselheiro, pouco se envolviam na sua crença. Na realidade, os dois irmãos, até, nem freqüentavam as devoções, coisa que, aliás, não era obrigatória no Arraial. Foi assim, por serem alheios às crenças dos canudenses, que nos dias entre a morte do Conselheiro e o cerco definitivo, o clã dos Villa Nova, sai do Arraial a tempo de escapulir da chacina. Muito embora tivessem brigado até quase o extermínio total, eles regressam definitivamente para seu torrão, onde envelheceram sempre falando bem do pai Conselheiro.

Residentes em Assaré, Antonio e Honório, ajudaram o padre Cícero, em 1913, por ocasião da Sedição de Juazeiro.
Foi da cabeça de Antonio Vila Nova, que sauí a idéia da construção do valado em volta da cidade, que, estratégico, serviu de trincheira para, os jagunços do Santo Padre, rebater as forças do governo de Franco Rabelo aquarteladas no Crato.

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Quando a expedição de Pedro Wilson chegou a Assaré teve uma acolhida incomum da parte de Honório e de dona Toinha, viúva de Antonio Villa Nova. Esta entusiasmada com as visitas ilustres logo oferece a Pedro Wilson, um retrato do falecido marido, onde se lia: “Antonio Villa Nova, o herói de duas guerras”.


Reprodução da foto tirada em 1916.


Deslumbrado com a acolhida, Pedro Wilson atento começa a fotografar as figuras mais importantes para seu trabalho, não somente pessoas, mas também, suas armas, verdadeiras relíquias trazidas, por eles, do próprio campo de batalha da Guerra de Canudos.

Numa das poses, Honório, todo inchado, fez questão, de empunhar, a mesma “manulincher”, que usou para alvejar Moreira César, o coronel “Corta Cabeças”, comandante da malograda terceira expedição, que vergonhosamente, fugiu do campo da guerra. Despojo da debandada do exército, Honório, ainda, trazia consigo a espada tomada de um oficial, outras carabinas e cunhetes de balas, então resfriadas, que também foram fotografadas na oportunidade.





Honório Vila Nova e a cunhada Antonia Vila Nova viúva de Antônio Vila Nova.


Honório Vila Nova

Na fotografia abaixo Honório Vila Nova, altivo, agarra, com a mão direita, a mesma inseparável “manulincher” com a qual liquidou Moreira Cesar.
O fato aconteceu no momento da luta, em que, pretensiosamente, o militar pegou seu cavalo sob o propósito de dar brio aos seus soldados.
O velho não esquecia o momento que ao ver o coronel do outro lado do rio, ele Honório, em posição de tiro, dormiu na pontaria, e disparou o tiro certeiro que lhe atingiu a virilha. Se quisesse teria acertado direto no coração, acabar com a vida dele duma vez. Mas, preferiu lhe uma morte mais sofrida, fazê-lo sofrer, sentindo, no próprio corpo, a dor que ele imprimia ao povo que agredia, perversamente, em nome da República.
Esta arma e a de Antonio Vila Nova eram as únicas automáticas existentes em Canudos ao tempo do ataque de Moreira César. Ambas haviam sido tomadas da Expedição Febrônio de Brito juntamente com 14 cunhetes de balas, e foram as que, produtivamente enfrentaram o exército do “Corta-Cabeças”.

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