DIVINO ESPÍRITO SANTO DE DEUS!

Divino Espírito Santo de Deus, que derrama sobre todas as pessoas as graças de que merecemos, hoje e sempre nos acompanha nas trajetórias de nossas vida. Amém.

domingo, 24 de agosto de 2008



O CAFÉ CENTRAL


No sudeste da Travessa Mattos, em frente ao Mercado, esquina com a Rua Sete Setembro, ponto de convergência da cidade de Baturité, o Café Central, exalava, pelos quatro cantos do comercio a fragrância da rubiácea passada na hora.
Nos dias de feira, o aroma se misturava ao odor das baforadas dos cigarros ordinários dos matutos que, vindos das zonas rurais; dos povoados, das vilas das cidades satélites, efervesciam o comércio com os produtos que traziam para vender no meio da rua.
O vozeirão dos fregueses, os pigarros, os escarros, as batidas da colherinha na xícara para apressar a garçonete, nada, superava os gritos dos donos, seu Fransquim e dona Raimundinha a cobrar eficiência dos empregados.
As mezinhas de ferro fundido espalhadas no salão, com quatro cadeiras em volta, tinham, em cada uma, em cima do tampo de mármore, um açucareiro de vidro com tampa de metal. Estas quando viradas para baixo, derramavam o açúcar grosseiro que adoçava a especialidade da casa: café recém coado, puro, em xícaras pequenas, ou, com leite, em xícaras médias, acompanhado do tradicional pão passado com nata, ou, da fatia de bolo do tipo Luiz Felipe ou Souza Leão, assado na forma que delimitada o corte dos nacos.
Pioneiro o Café Central, uma vez, ensaiou, até, mudar de nome para Sorveteria Rainha, isso se deu, quando começou a fabricar o picolé Rei, produto vendido além do local, nas feiras, nos colégios e noutros pontos estratégicos, por vendedores avulsos que ofereciam a mercadoria gritando o conhecido jargão:

- Doce gelado! Abacaxi, maracujá, oi doce!

A famosa esquina teve seu momento de terror na Segunda Guerra Mundial. Nessa ocasião, ali, funcionava uma filial das Casas Pernambucanas, pertencente ao grupo Lundgren, de origem germânica. Assim, sob a gerência de Chico Campos, a loja sofreu o mesmo quebra-quebra que movimentou a nação quando da Declaração de Guerra, pelo Brasil, ao eixo Roma-Berlim-Tóquio.
Depois do saque das Casas Pernambucanas o ponto comercial sediou uma loja de João Paulino, irmão de Francisco Mesquita Pinheiro, o então dono do prédio, e, também, proprietário da “A Vencedora”, uma loja muito sortida estabelecida na principal esquina do mercado público que explorava o mesmo ramo do irmão - tecidos, chapéus e miudezas.
O Café Central teve seu dia de maior gloria quando o governador Raul Barbosa prestigiou o estabelecimento com sua presença para, lá, tomar uísque com seus correligionários, quando esteve em Baturité para inaugurar a Barragem Tijuquinha na década de 1950.

Nenhum comentário: